sábado, 2 de maio de 2009

MISSIOLOGIA

Introdução

Missiologia é o estudo da obra missionária ordenada por Jesus aos seus discípulos, no sentido nacional e transcultural (Mc. 16.15, Mt. 28.19, At. 1.8). O estudo de Missiologia é de fundamental importância, por se tratar de tarefa suprema da Igreja que é a Evangelização dos povos. Durante muitos anos ouvimos desta conhecida frase: “Missões está no coração de Deus”. Disto nós sabemos que o interesse de Deus sempre foi, e sempre será, alcançar todos os povos, raças, nações e tribos de todas as línguas. Porém, nestes últimos dias, Deus está interessado em saber se missões está também no nosso coração. O ponto fundamental da Missiologia é definir as estratégias e parâmetros da grande comissão dada pôr Jesus, tais como uma agência missionária: quem envia e quem é enviado, os maiores obstáculos das missões modernas e contemporâneas, o alcance dos povos não alcançados, a evangelização de todos os povos. Deus fez o papel do primeiro missionário quando desceu até o Jardim do Éden e proclamou o evangelho aos países e toda raça humana, escondida nos lombos de Adão. Depois disso Deus fez papel de enviado, quando completou a missão que o Pai lhe confiou. O Espírito Santo é o Agente das Missões contemporâneas. Concluindo esta introdução, aprendemos que a Trindade formou o primeiro Conselho Missionário.

I – O que é missão?
A palavra missão vem da expressão latina missione, que se originou por sua vez do verbo mittere, que significa ação, tarefa, ordem, mandato, compromisso, incumbência, encargo ou obrigação de enviar missionários. No grego corresponde a palavra apostolé que, em português, é apóstolo e significa “alguém enviado por ordem de outrem para realizar uma tarefa”. Ora, alguém enviado para realizar algo (missão-tarefa) no intuito de atingir um alvo específico (missão-objetivo).
A Grande Comissão apresenta a evangelização mundial como a missão da Igreja. Mas será que a evangelização é a única missão da Igreja? Ou será que evangelizar é o alvo final de Deus? Claro que não! Tudo que Deus fez, fez para Sua glória. A esta tarefa de fazer discípulos pelo mundo afora chamamos de missões, devido a pluralidade da tarefa. Não encontramos este termo na Bíblia, mas deparamo-nos com um verbo correspondente: “enviar” (Gn 12.1; 45.5; Ex 3.10-15; Jz 6.14; Is 6.8; Jr 26.12; Ml 3.1; Mt 10.16,40; 28.18-20; Mc 3.14; 16.15; Lc 9.1,2; 10.1; 24.44-49; Jo 17.3-21; 20.21; At 1.8; 13.4; Rm 3.15; 1 Co 1.17; etc). Enviar significa mandar alguém ou alguma coisa; fazer seguir por determinada via. Isto é, Deus manda ou faz seguir sua mensagem de salvação a um destino – o mundo – através de uma determinada via – seus discípulos.
A tarefa de salvar o mundo não pode ser desassociada do enviar homens e mulheres cheio do Espírito Santo para alcançar o mundo sem Deus, sem paz e sem salvação. Porque não há como salvar o mundo sem que haja alguém enviado para pregar e apontar-lhe o caminho.


II - A Suprema Tarefa da Igreja
A suprema tarefa da Igreja é a evangelização do mundo. Quando Deus amou, amou o mundo. Quando deu seu Filho, deu pelo mundo. Quando Jesus Cristo morreu, morreu pelo mundo. A visão divina é uma visão mundial. Essa é a visão que Ele quer que tenhamos.
Mas quantos e quantos de nós não tem uma perspectiva localizada! Vemos apenas a nossa comunidade, nossa cidade, nosso país, e jamais enxergamos além desses limites. Existem cristãos que se interessam apenas por suas próprias Igrejas e não têm interesse pelo que os outros estão fazendo. Porém há outros dotados de uma visão maior. Vêem com olhos missionários cidades inteiras, estados e países que precisam ser evangelizados. Vêem o mundo em sua inteireza. Contemplam a Europa, a Ásia, a África, a América do Sul e as ilhas dos oceanos. São dotados de uma visão de Deus, pois esta é a visão que ele quer que tenhamos, uma visão de alcance mundial.
Por quê muitos têm uma visão local? E não uma visão mundial? Por quê pensamos apenas em nós mesmos, e não nos preocupamos com vidas de outras raças, culturas e países que não são os nossos? Será por sermos tão míopes que não temos uma visão de âmbito mundial?
Será que pensamos que somos um povo mais importantes do que qualquer dos demais povos do mundo? Se a evangelização do mundo é a tarefa mais importante da Igreja, então devemos investir a maior parte de nossos recursos nesse departamento mais importante. Doutra forma, não estaremos dando prioridade as missões, nem estaremos crendo que a evangelização do mundo é a suprema tarefa da Igreja. “Uma Igreja que não faz missões, não pode ser chamada de Igreja, pois a missão da Igreja é fazer missões”.
A missão da Igreja é a ação de sair de suas quatro paredes, de sua cultura, de seu povo, de sua língua e de seus costumes para anunciar aqueles que estão perdidos. E anunciar a Cristo que salva o pecador arrependido.

III – Deus o primeiro Missionário

Toda a criação de Deus é importante. Porém Deus escolheu o homem de um modo especial, formando a sua imagem e semelhança ( Gn 1.26-28)
Deus criou os seres Angelicais, graus distintos de responsabilidade e autoridade. Deus deu a um Querubim uma grande formosura e sabedoria esplêndida ( Ez 28.12-17). Lúcifer atuava como primeiro ministro de Deus, tinha grande poder e perfeita formosura e esplendida sabedoria, mas também tinha livre arbítrio.
Lúcifer ficou tão deslumbrado com o poder e formosura que Deus lhe deu, que desejou “ ser semelhante ao Altíssimo” ( Is 14.14). E com isso encabeçou uma rebelião jamais vista em toda história, com o propósito de estabelecer “um reino espúrio, juntamente com os anjos que lhe acompanhou nesta rebelião” ( Ap 12.47-49).
Devido esta rebelião, Lúcifer, agora chamado Satanás, recebeu o juízo de Deus e a expulsão dos céus. Tempos depois, Deus fez outra criação, a qual também recebeu livre arbítrio: “o homem”.
Ao criar o homem, Deus mostrou o seu cuidado especial, colocando o homem no Jardim da delícias, para a sua nova criação habitar. Satanás com ciúmes, partiu para atacar e perturbar o homem afim de afasta-lo da presença do Todo – Poderoso.
O homem tendo caído, em pecado, distanciou-se de Deus, perdendo a comunhão e a salvação de seu Criador. Porem Deus não desistiu da sua criação, e deu novas oportunidades através das dispensações. Vejamos:

AS SETE DISPENSAÇÕES

DISPENSAÇÕES DURAÇÃO

Inocência ( ou Edêmica) Criação à queda
Consciência (ou Antediluviana) Queda ao dilúvio
Governo humano (ou Pós-diluviana) Dilúvio à chamada de Abraão
Promessa ( ou Patriarcal) Chamada de Abraão à saída do Egito
Lei ( ou Legal) Monte Sinai ao Monte Calvário
Graça ( Igreja ou do Espírito Santo) Monte Calvário ao arrebatamento
Milênio (ou Governo Divino) Segunda vinda ao trono branco

Cada dispensação, mostra-nos, o plano de Deus para a salvação do homem, foram oportunidades dada para que a criatura venha a reconciliar-se com o Criador.

IV – Jesus – O missionário enviado pôr Deus

Em João 3.16, encontramos o plano de Deus se concretizando, ao enviar o seu Único Filho ao mundo, para construir a mais linda história, da redenção numa inexplicável expressão de amor, a ponto do apóstolo do amor, que sabe tão bem descrever a cena apoteótica do Amor de Deus, usar a expressão “ de tal maneira”, como uma forma incompreensível para sintetizar a profundidade do Amor de Deus ao mundo, Amor de Deus ultrapassa as fronteiras culturais, raciais e lingüisticas. O amor de Deus não se restringe a uma raça, nação ou grupo cultural. Ele ama a todos os povos. Deus deseja que todos os homens se arrependam e sejam salvos, mediante a obra realizada por Cristo.
Jesus deu ao mundo o direito de salvação, através de sua vida, morte e ressurreição; “para que todo aquele que Nele crê, não pereça mais tenha a vida eterna”. Após a ressurreição de Jesus, Ele teve uma prioridade para ensinar os seus discípulos: “ Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) ; “Ide, fazei discípulos de todas as nações” ( Mt 28.19);“ Ser-me-eis testemunhas tanto em...como...e até os confins da terra” ( At 1.8).
Estas três passagens bíblicas já é o suficiente para descrever qual a prioridade número um, do Senhor Jesus Cristo. “A evangelização do mundo”. Mesmo antes da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, havia dito as nações, e depois é que virá o fim. (Mt 24.14). Já naqueles dias o Senhor Jesus Cristo, via tanto a necessidade e a urgência da obra missionária, que numa determinada ocasião, ao olhar para a Seara, faltava quatro meses para a Ceifa, entretanto Ele já via os campos brancos para a Ceifa. ( Jo 4.35).

V – O Espírito Santo – O Propagador de missões

O livro de Atos dos Apóstolos, nos descreve grandes feitos realizado no início do cristianismo em Jerusalém por intermédio dos apóstolos. Porém nós sabemos que nada seria feito se não fosse ordenado por nosso Senhor Jesus, antes de sua ascensão ao céu. “Mas recebereis poder ao descer sobre vós, o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Quando no dia de Pentecostes todos os discípulos foram cheios do Espírito Santo e o mundo daquela época foi alcançado pela pregação do Evangelho: isso se deve ao grande propagador de missões; o Espírito Santo, maior incentivador da obra missionária. É ele quem impulsiona, encoraja e chama homens e mulheres para realizar a obra missionária. Ao observarmos o capítulo 13 de Atos dos Apóstolos, quando a Igreja de Antioquia estava reunida “disse o Espírito Santo: separa-me a Barnabé e Saulo para a obra que eu os tenho chamado” (At 13.1-3). O Espírito Santo tanto chama homens para fazer a sua vontade como também convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Esta é a grande missão do Espírito Santo.

VI – A Missão no Novo Testamento

O Novo Testamento apresenta a pessoa de Jesus como Salvador do mundo. Do início ao fim do Novo Testamento encontramos o propósito de missão. Os Evangelhos anunciam a chegada definitiva do Reino dos Céus, os Apóstolos anunciam o Reino de Deus e as Epístolas são usadas como instrumentos reais e autênticos do trabalho missionário dos Apóstolos às Igrejas recém-plantadas.

1. A Grande Comissão
No Novo Testamento, encontramos três ordens imperativas do Senhor Jesus: 1) Vinde; 2) Ide; 3) Ficai. No Evangelho segundo escreveu São Mateus 28.19-20, encontramos o registro da Grande Comissão separada por Jesus aos seus discípulos. E dois aspectos podem ser destacados nesta Grande Comissão:
PRIMEIRO: uma ordem – “IDE, fazei discípulos em todas as nações”. Este IDE, ordenado pela pessoa de Jesus, é uma confirmação de Marcos 16.15, onde diz: “Ide, pregai o Evangelho a toda criatura”. Jesus, após ressuscitar, disse: “Foi me dado todo poder nos céus e na terra” (Mt 28.18). Por isso, Ele não pediu aos seus discípulos para evangelizar, mas ordenou.
SEGUNDO: uma promessa – “e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Ao mesmo tempo em que Jesus deu uma ordem Ele nos consolou dizendo que estaria conosco na execução desta grande comissão. Portanto para realizar a obra missionária temos um apoio direto do Dono da Obra. Não estamos sozinhos nesta missão, vamos realizar de forma urgente a missão que o Senhor nos confiou.

2. A Igreja Primitiva cumpriu a Grande Comissão?
No livro de Atos encontramos a explicação para a pergunta feita acima. Milhões de cristãos julgam que o livro de Atos dos Apóstolos, de Lucas, registra a obediência dos 12 Apóstolos a Grande Comissão. Mas na verdade relata a relutância dos mesmos ao obedecê-la. É do nosso conhecimento que os judeus sempre foram exclusivistas, e este foi um dos grandes obstáculos para a realização da Grande Comissão. Parece que os Apóstolos não entenderam a ordem dada por Jesus a eles. Você percebe isso quando Cornélio mandou mensageiros buscar a Pedro, se fosse antes a advertência que o Senhor havia dado a Pedro através daquela visão do lençol (At 10.9-16), ele não teria aceitado ir anunciar o evangelho pela primeira vez aos gentios.
O Espírito de Deus advertiu a Pedro dizendo: “levanta-te, pois, e desce e vai com eles nada duvidando, porque Eu os enviei” (At 10.19). Quando chega ao conhecimento dos Apóstolos e crentes da Judéia que Pedro pregou aos gentios, eles, o criticam por esta atitude. Pergunta-se, será que haviam esquecido quando Jesus disse “até os confins da terra”?

3. Panorama missionário do livro de Atos dos Apóstolos
Veja o envolvimento da Igreja Primitiva na obra missionária no início do cristianismo:

ATOS 01 - Traça o perfil geográfico da obra missionária, começando em Jerusalém até os confins da terra.
ATOS 02 - No qüinquagésimo dia após a festa da Páscoa (na Festa de Pentecostes) o Espírito Santo envolve os primeiros quase 120 membros da Igreja local fundada por Cristo, onde houve uma conversão de quase três mil almas.
ATOS 03 - A Igreja já tinha mais de três mil membros.
ATOS 04 - A Igreja já tinha cerca de cinco mil membros, o que começa a assustar as autoridades da época.
ATOS 05 - Toda Judéia é evangelizada, cumprindo assim sua primeira meta.
ATOS 07 - Estevão é separado para diácono e se torna um evangelista e prega com ousadia perante o Sinédrio em seguida torna-se o primeiro mártir do cristianismo “morrendo apedrejado”.
ATOS 08 - A Igreja cumpre a segunda meta, evangelizando toda Samaria através do diácono Felipe que foi separado por Deus como evangelista.
ATOS 09 - A conversão do apóstolo Paulo, o qual beneficiou o cristianismo tornando-o o maior apóstolo missionário de toda história
ATOS 10 - Pedro recebe visão divina de missões transculturais e em obediência prega aos gentios e na casa de Cornélio.
ATOS 11 - O evangelho cresce entre os gentios e os discípulos de Jesus são chamados pela primeira vez cristãos.
ATOS 12 - O crescimento da igreja incomoda as autoridades e Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, manda matar Tiago, o primeiro dos apóstolos a ser morto e Pedro vai a prisão onde Deus o libertou milagrosamente.
ATOS 13 - A Igreja de Antioquia torna-se a primeira Igreja gentílica com visão de missões transculturais e envia a Paulo e Barnabé para realizar missões transculturais.
ATOS 14 - Observamos o resultado da primeira Viagem Missionária nas províncias da Galácia realizado por Paulo e Barnabé.
ATOS 15 - É realizado o primeiro concílio em Jerusalém pelos apóstolos.
ATOS 16 - A Igreja atinge a terceira meta evangelizando toda Judéia e Ásia e com a visão transcultural de Paulo o evangelho chega a Trôade e a Europa, onde Lídia se converte ao Senhor através de Paulo.
ATOS 17 - Paulo e Silas fundam duas igrejas: uma em Tessalônica e outra em Béreia e depois para Atenas.
ATOS 18 - O Apóstolo Paulo funda uma igreja em Corinto e conclui a Segunda Viagem missionária e inicia a terceira.
ATOS 19 - Paulo chega em Éfeso onde permanece por dois anos.
ATOS 20 - Mais uma vez Paulo passa a Macedônia e Grécia.
ATOS 22 - Paulo dá testemunho de sua conversão no caminho de Damasco e afirma ser chamado por Deus para fazer missões entre gentios.
ATOS 23 - O perseguido é perseguido.
ATOS 24 - Paulo prega perante o Sinédrio diante do governador Félix.
ATOS 25 - O apóstolo Paulo realiza missões perante as autoridade e evangeliza o governador Festo, sucessor de Félix.
ATOS 26 - Deus cumpre na vida de Paulo o que disse através da boca de Ananias no ato de sua conversão, sendo usado aos gentios, os reis e aos filhos de Israel (At 9.15).
ATOS 27 - Paulo, em uma viagem de navio, ganha 276 almas e chega a ilha de Malta onde ganha indígenas para Jesus.
ATOS 28 - Paulo chega a Roma, capital do Império, prega o evangelho às autoridades e dali por diante o evangelho alcança todo império até os confins da terra. A quarta meta geográfica é realizada pela igreja primitiva.

VII – MISSÕES E OS PRIMEIROS CRISTÃOS

Antes de Cristo, ascender aos céus, enviou seus discípulos a anunciar o Evangelho a todos os povos. Para isso tinham que ser capacitados, pois a obra era muito grande (Lc 9.1; 24.49; At 1.8; 15.18,19). Após a vinda do Espírito Santo (Lc 24.49; At 2.1-13), os discípulos iniciaram seus ministérios pregando a todos quanto desejassem ouvi-los, atendendo a ordem do Mestre de anunciar as boas-novas a toda criatura (Mc 16.20).
A ação do Espírito Santo sobre os discípulos levou-os a pregar o evangelho com ousadia, sinais e maravilhas. Milhares de almas se convertiam, engrossando as fileiras dos primeiros cristãos. Mas alguns crentes, por causa de seus preconceitos raciais e religiosos, limitavam-se a pregar aos judeus, contrariando a ordem universal de Cristo a sua Igreja. Houve, porém, um homem cheio do Espírito Santo por nome de Filipe, que deu um passo decisivo, abrindo oportunidade para que os gentios pudessem alcançar tão gloriosa salvação.

1. Filipe
Filipe foi o primeiro missionário transcultural da Igreja primitiva. Ele recebe sua chamada, através de um anjo que o envia para a estrada de Gaza (antiga região dos filisteus), onde encontra um eunuco, auto oficial da rainha dos etíopes. Depois de lhe ter anunciado o evangelho, batiza-o nas águas (At 8.26-39). Em seguida, Filipe, ainda sob a ação do Espírito de Deus, passa além e evangeliza várias cidades, de Azoto até Cesaréia. Seu ministério é seguido de perto pelo apóstolo Pedro que, ao saber das conversões, começa a dar assistência aos trabalhos já fundados (At 8).

2. Pedro
Pedro deixa bem claro que sua mensagem é dirigida a todos, independentemente de sua nacionalidade: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que teme e faz o que é justo” (At 10.34,35). Depois da descida do Espírito Santo na casa de Cornélio, afirmou o apóstolo: “Portanto, se Deus lhe deu o mesmo Dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então eu, para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus dizendo: na verdade, até os gentios Deus deu o arrependimento para a vida” (At 11.17,18).
Nota-se que, por causa da conversão dos gentios, houve discordância entre os apóstolos. Mas o testemunho da conversão de Cornélio apaziguou de imediato os ânimos. Por isso na Segunda Carta de Pedro, diz que o Senhor não retarda a sua promessa, sendo antes longânimo, “não querendo que alguns (homens) se percam, sendo que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3.9).

3. João
João ensina que Cristo é “a propiciação pelos pecados do mundo inteiro” (1 Jo 2.2). É o enviado do Pai como “o Salvador do mundo” (1 Jo 4.14), que “jaz no maligno” (1 Jo 5.19). Na visão de João na ilha de Patmos, o apóstolo vê o Cordeiro (Cristo) andando entre as igrejas da Ásia (Ap 1-3) – cidades gentias. No evangelho que leva o seu nome, João usa a palavra cosmos “que significa mundo”, “universo” – mais de cinqüenta vezes (Jo 1.29; 3.16,17; 4.42; 8.12; 9.5; 12.47; 17.21; etc.).

4. Tiago
A conversão dos gentios causa grande impacto e discórdia entre os apóstolos resultando numa reunião para a discussão do assunto – o Concílio de Jerusalém. Neste Concílio, Tiago expressa favoravelmente a extensão do evangelho aos gentios diante das evidências apresentadas e exorta os demais apóstolos a “não perturbarem aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus” (At 15.13-21). Mais tarde o apóstolo diz em sua epístola, que Deus não faz acepção de pessoas (Tg 2.1).

5. Mateus
Mateus endereça o seu evangelho aos judeus e cita referências que Isaías faz a Jesus: “Eis o meu servo que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito, e anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo. E, no seu nome, os gentios esperarão” (Mt 12.18-21).
Como se vê em Mateus, ele relata a vinda dos magos, que eram gentios, para visitar a Jesus recém nascido (2.1-12); conta que Jesus teve que utilizar-se de uma nação gentia para refugiar da perseguição de Herodes, onde ficou até a morte deste, dando cumprimento a profecia de Oséias 11.1: “Do Egito chamei a meu filho” (2.13-23). Relata as palavras de Jesus que se referem a conversão dos gentios e que estes adorarão e sentar-se-ão a mesa com os patriarcas de Israel (8.5-13).
O Evangelho de Mateus registra os ensinos de Jesus na parábola do joio, em que diz “...o campo é o mundo” (13.36-43); narra a cura da filha de uma cananéia que vivia na região sírio-fenícia (15.21-28). Mateus é o único evangelista relator das palavras de Jesus acerca da Igreja (16.17-20). Na parábola da vinha, o evangelista realça as palavras do Mestre, demonstrando a determinação de Deus em passar o seu reino para outros trabalhadores (21.33-46).



6. Paulo
Paulo considera-se o abortivo (1 Co 15.8) para desempenhar seu ministério entre os gentios, sendo considerado apóstolo deles. É o que o Senhor fala a Ananias: “O Senhor disse-lhe, porém: vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15).
Paulo diz a Timóteo que foi “constituído pregador e apóstolo... e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1 Tm 2.7).
No Concílio de Jerusalém, Paulo e Barnabé relatam como os desígnios de Deus são universais: alcançam igualmente judeus e gentios (At 15.12). Em suas mensagens, Paulo esforça-se por mostrar esta universalidade: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18).
Em Atos dos Apóstolos, vemos que, através do ministério de Paulo e seus companheiros, a Igreja estendeu-se a todos os povos, culturas e nações conhecidos naquela época.

7. Barnabé
Barnabé foi enviado pelos apóstolos a Antioquia para pastorear os que se converteram através da pregação dos irmãos dispersos de Jerusalém pela perseguição. Barnabé foi o primeiro a acreditar na conversão de Paulo. Chegando a Antioquia, percebeu que não podia pastorear sozinho tão grande multidão, por isso foi a Tarso buscar a Paulo para auxilia-lo (At 11.19-26).
Passado algum tempo, a comunidade cristã de Antioquia envia Barnabé e Paulo, pelo poder do Espírito, para o campo missionário. E assim, Antioquia transformou-se na primeira igreja missionária gentia (At 13.1-4).

8. Lucas
Lucas, o único escritor bíblico não judeu, apresenta cristo aos gregos como o Filho do Homem (Lc 19.10) – o Salvador universal de todos os perdidos. Ele acompanha o apóstolo Paulo em muitas de suas viagens missionárias, até em suas prisões (2 Tm 4.11; Cl 4.14).
Lucas também é o escritor de Atos, e dedica sua obra a um cristão grego chamado Teófilo, para colocá-lo do sucedido com Jesus e com a propagação do evangelho (Lc 1.3; At 1.1). Ele mostra a universalidade do evangelho nos seus dois escritos. Por exemplo: quando Jesus foi apresentado no templo, Lucas relata as palavras de Simeão: “...pois já os meus olhos viram a tua salvação...” (Lc 2.30-32). Lucas apresenta a genealogia completa de Jesus até Adão – pai de toda raça humana (Lc 3.23-38). Em Atos, Lucas mostra todo o percursor da propagação do evangelho nos primeiros anos da Igreja. Em alguns desses percursos, o próprio escritor estava presente.
9. Marcos
Marcos destina seu relato sobre a vida e obra de Jesus aos romanos, apresentando-o como servo obediente (Mc 10.45).
Primo de Barnabé (Cl 4.10), Marcos acompanha-o na primeira viagem missionária de Paulo, mas acaba voltando de Perge da Panfília para Jerusalém antes de haver concluído a viagem (At 13.13). Posteriormente, segue com Barnabé para Chipre, pois Paulo não o quis levar em sua segunda viagem missionária. Todavia, acabou por ministrar para Paulo em sua prisão em Roma (2 Tm 4.11; Fm 24), sendo ainda companheiro de Pedro (1 Pe 5.13).

10. A Igreja Primitiva
A Igreja tem sido o instrumento de Deus para a propagação mundial do evangelho. Tal como Deus formou Israel e no Antigo Testamento o constituiu como seu representante, assim formou a Igreja para concluir a tarefa iniciada pelos hebreus. A Igreja Primitiva, por conseguinte, estava ciente desta visão missionária e universal de Deus.
Como vimos, os discípulos estavam restringidos a pregação do evangelho exclusivamente aos judeus. Entretanto, veio a grande perseguição aos cristãos primitivos, compungindo-os a pregar a Cristo por todos os lugares em sua fuga ou exílio (At 8.4; 11.20).

CONCLUSÃO

O primeiro missionário foi o próprio Deus, depois fez papel de enviador (Jo 3.16), dando Seu Filho como missionário, e de sua única Igreja quer fazer missionária. Em Is 6.8 há um apelo a todos os cristãos “a quem enviarei, e quem irá por nós?”. Se você não pode ir, faça com que Deus envie um substituto. Se você não é um enviado, seja um enviador. Se você não vai, contribua para que outros vão. Você pode fazer missões indo, contribuindo, orando. A Igreja que não faz missões não deveria ser chamada Igreja, pois a missão da Igreja é fazer missões. AMÉM!

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